Fui desafiada pela satine a partilhar este blog com ela.
Tenho o meu próprio blog, mas não tenho a paciência dela nem o talento nem a dedicação para escrever.
Estou sempre demasiado ocupada com nada, com o grande vazio que é a minha vida...vista de fora se calhar até nem é, mas é aquilo que eu sinto. E como é aquilo que eu sinto, passa a ser para todos os efeitos a realidade...pelo menos a minha.
Para iniciarmos este blog em grande deixo aqui o poema do nosso companheiro que dá precisamente o nome ao blog.
Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas…
O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado…
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol…
Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo…
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro…
Não sei quem me sonho…
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvores, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma
1 comment:
Ainda bem que aceitaste o desafio. :) Do poema gosto em especial destes versos:
O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado…
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol…
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